sábado, 19 de dezembro de 2009

A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida
Que eu já tô ficando craque em ressurreição.
Bobeou eu tô morrendo
Na minha extrema pulsão
Na minha extrema-unção
Na minha extrema menção
de acordar viva todo dia
Há dores que sinceramente eu não resolvo
sinceramente sucumbo
Há nós que não dissolvo
e me torno moribundo de doer daquele corte
do haver sangramento e forte
que vem no mesmo malote das coisas queridas
Vem dentro dos amores
dentro das perdas de coisas antes possuídas
dentro das alegrias havidas

Há porradas que não tem saída
há um monte de "não era isso que eu queria"
Outro dia, acabei de morrer
depois de uma crise sobre o existencialismo
3º mundo, ideologia e inflação...
E quando penso que não
me vejo ressurgida no banheiro
feito punheteiro de chuveiro
Sem cor, sem fala
nem informática nem cabala
eu era uma espécie de Lázara
poeta ressucitada
passaporte sem mala
com destino de nada!

A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida
ensaiar mil vezes a séria despedida
a morte real do gastamento do corpo
a coisa mal resolvida
daquela morte florida
cheia de pêsames nos ombros dos parentes chorosos
cheio do sorriso culpado dos inimigos invejosos
que já to ficando especialista em renascimento

Hoje, praticamente, eu morro quando quero:
às vezes só porque não foi um bom desfecho
ou porque eu não concordo
Ou uma bela puxada no tapete
ou porque eu mesma me enrolo
Não dá outra: tiro o chinelo...
E dou uma morrida!
Não atendo telefone, campainha...
Fico aí camisolenta em estado de éter
nem zangada, nem histérica, nem puta da vida!
Tô nocauteada, tô morrida!

Morte cotidiana é boa porque além de ser uma pausa
não tem aquela ansiedade para entrar em cena
É uma espécie de venda
uma espécie de encomenda que a gente faz
pra ter depois ter um produto com maior resistência
onde a gente se recolhe (e quem não assume nega)
e fica feito a justiça: cega
Depois acorda bela
corta os cabelos
muda a maquiagem
reinventa modelos
reencontra os amigos que fazem a velha e merecida
pergunta ao teu eu: "Onde cê tava? Tava sumida, morreu?"
E a gente com aquela cara de fantasma moderno,
de expersona falida:
- Não, tava só deprimida.

(Elisa Lucinda)




terça-feira, 15 de dezembro de 2009




Pelo retrovisor enxergamos tudo ao contrário
Letras, lados, lestes
O relógio de pulso pula de uma mão para outra e na verdade... ]
[ nada muda
A criança que me pediu dez centavos é um homem de idade ]
[ no meu retrovisor
A menina debruçando favores toda suja
É mãe de filhos que não conhece
Vendeu-os por açúcar
Prendas de quermesse
A placa do carro da frente se inverte quando passo por ele
E nesse tráfego acelero o que posso
Acho que não ultrapasso e quando o faço nem noto
O farol fecha...
Outras flores e carros surgem em meu retrovisor
Retrovisor é passado
É de vez em quando... do meu lado
Nunca é na frente
É o segundo mais tarde... próximo... seguinte
É o que passou e muitas vezes ninguém viu
Retrovisor nos mostra o que ficou; o que partiu
O que agora só ficou no pensamento
Retrovisor é mesmice em dia de trânsito lento
Retrovisor mostra meus olhos com lembranças mal resolvidas
Mostra as ruas que escolhi... calçadas e avenidas
Deixa explícito que se vou pra frente
Coisas ficam para trás
A gente só nunca sabe... que coisas são essas



(Fernando Anitelli)

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009



Ah! imagina só que loucura essa mistura
Alegria, alegria é o estado que chamamos Bahia
De Todos os Santos, encantos e Axé, sagrado e profano, o Baiano é carnaval
Do corredor da história, Vitória, Lapinha, Caminho de Areia
Pelas vias, pelas veias, escorre o sangue e o vinho, pelo mangue,Pelourinho
A pé ou de caminhão não pode faltar a fé, o carnaval vai passar
Da Sé ao Campo-Grande somos os Filhos de Gandhi, de Dodô e Osmar
Por isso chame, chame, chame, chame gente
Que a gente se completa enchendo de alegria a praça e o poeta
É um verdadeiro enxame, chame chame gente
Que a gente se completa enchendo de alegria a praça e o poeta
Ah!...a praça e o poeta.
(Moraes Moreira)


Apesar de ser na noite e não ser muito fã de calor, me entrego aos encantos do verão, ainda mais na Bahia... O verão está apenas começando mas os ares já estão mudando, o povo fica mais alegre, mais bonito e mais encantador..então que venha o verão e com ele todas as festas que a Bahia nos proporciona, assim....bem sagrado e profano e que termine com um carnaval maravilhoso, afinal, estou em Salvador e aqui, só com óculos escuro agora...rs

domingo, 6 de dezembro de 2009




Deixar que os fatos sejam fatos naturalmente, sem que sejam forjados para acontecer.
Deixar que os olhos vejam pequenos detalhes lentamente.
Deixar que as coisas que lhe circundam estejam sempre inertes, como móveis inofensivos, pra lhe servir quando for preciso, e nunca lhe causar danos morais, físicos ou psicológicos.



(Chico Science)




Pensando nos últimos fatos acontecidos, creio que por agora, o melhor é viver... viver esses últimos dias do ano, viver esse verão que aponta por aí, viver a noite que me guarda surpresas... Confesso que em certos momentos, gostaria de está vivendo algumas coisas ao seu lado mas vejo que esse lance que estamos nos proporcionando, não vai fazer bem para um dos dois ou até mesmo para os dois... Então devo dizer que foi bom enquanto durou? Ou devo viver esse friozinho na barriga? Ou mesmo ser sincera com meus sentimentos e falar de fato o que eu penso e o que eu quero, porque até agora, eu mais ouvi que falei.
Acredito que depois dessas palavras, as coisas irão tomar um rumo, qual eu não sei, mas já imagino, mas não peçam para apostar, sou péssima nisso!
Acredito sim no natural, mas penso também que um empurrão nosso ajuda e muito, por isso, não sei se pela última vez, mas gostaria de ter um momento de alma, de entrega sincera e absoluta... Um momento de carinho... um momento com sabor de quero mais....

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009





Cada um vive como pode
E eu nasci pra sofrer
Cara feia pra mim é fome
Eu não faço manha pra comer não!


A vida é como uma escola
E a morte é um vestibular
No inferno eu entro sem cola
Mas o céu eu vou ter que descolar


Mas quando alguém
Precisa de um carinho meu
Não há nada que me prenda
Mas se eu sentir que um bicho me mordeu
Sou mais ardida que pimenta!


No fundo eu sou otimista
Mas sempre imagino o pior
Me cansa essa vida de artista
Mas cada vez o prazer é maior


Mas quando alguém
Precisa de um carinho meu
Não há nada que me prenda
Mas se eu sentir que um bicho me mordeu
Sou mais ardida que pimenta!


(Rita Lee)





quinta-feira, 3 de dezembro de 2009





Se eu fosse embora agora será que você entenderia
que há um tempo certo
para tudo
cedo ou tarde chega o dia

Se eu fosse sem dizer palavra será que você escutaria
o silêncio me dizendo que a culpa não foi sua

É que eu nasci com o pé na estrada com a cabeça lá na lua
Não vou ficar, não vou ficar, fiz bandeira desses trapos devorei concreto e asfalto
fiz bandeira desses trapos devorei concreto e asfalto

Tenho feito meu caminho
volta e meia fico só, reconheço meus defeitos
e o efeito dominó,

Mas se eu ficasse ao seu lado de nada adiantaria
se eu fosse um cara diferente sabe lá como eu seria

Não vou ficar, não vou ficar, fiz bandera desses trapos devorei concreto e asfalto
fiz bandeira desses trapos devorei concreto e asfalto

Fiz o meu caminho devorei concreto e asfalto,
fiz o meu caminho devorei concreto e asfalto.

(Humberto Gessinger)