sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Música




Eu fico impressionada com a forma que a música nos faz viajar no tempo.
E só fechar os olhos e pronto, você se teletrasportar para outra época, cidade, idade e ela vem com outra porção de sentimentos, cheiros, sabores, lembranças... Pode ser de quando se é pequeno e para dormir, nada melhor que aquelas canções de ninar, o instrumental, no meu caso, o bom e velho Pink Floyd, acreditem se quiser, meu pai coloca a gente para dormir escutando Floyd, acho que por isso que eu e meus irmãos somos tão apaixonados por eles. Mas voltando as lembranças gerais, pode ser da rua que brincava até tarde, da escola, do primeiro amor, dos filmes, daquela amiga que nunca mais você encontrará, viagens, da turma da escola, ginásio e da faculdade? Aí sim, eram músicas e músicas....
Realmente a vida da gente tem trilha sonora e como isso é bom... Hoje eu estava sem sono, pra variar e fiquei horas pelo youtube e comecei com um estilo que foi o primeiro que escolhi e de acordo com que a música ia acabando e começa as opções, eu fui mudando de trilha, estilo, língua e pronto, já estava naquele emaranhado de sensações e aquela saudade de... nem eu sei, pois foi tanta mistura, mas uma saudade gostosa...acho que mais do tempo da escola, não sei ao certo. Em algumas, mais um clique e pronto, que tal escutar mais uma vez? E mais uma, mais uma...

A música é uma benção...

E qual a trilha sonora da vida de vocês meus amigos?

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A arte de ser Tia...

Como é bom, como é gostoso sentar e escutar o que eles tem para contar, tomar banho de chuva, passear pelas ruas de mãos dadas, ir comer ''besteirinhas'' no final da tarde, assistir filmes, vídeos e dançar até cansar e como no cansamos rápido. Ter a liberdade de fazer somente o que é gotoso, brincar, fazer arte, ser companheira e deixar para os pais a parte mais difícil. rs

Eles tem o dom de movimentar nossas vidas, em qualquer idade que tenham, um sorriso meigo, uma palavra errada, um abraço apertado e assim vamos educando e sendo educados, agachando sempre para falar com os pequeninos e um dia nos espantando por perceber que já falam quase na mesma altura.

Ter momentos de longas ausencias e assim mesmo, uma presença constante em nossas vidas…

A nobre arte de ser tia é amar uma pessoinha que não é sua, mas a quem você pertence, acompanhar a vida de quem vive outras histórias e que faz parte da sua 100%.
E tem ainda os sobrinhos que podem ser os primos de nossos filhos, os filhos dos primos, os nossos afilhados, os afilhados dos irmãos, os filhos dos amigos e todos que alegremente nos chamam de tia. E a festa e bagunça está formada. Sobrinhos são como filhos, com algumas diferenças, nosso amor por eles é imenso, torcemos para que não sofram e não façam sofrer, seus erros sejam apenas os necessários para o crescimento e sua luz brilhe e ilumine esse universo lindo que nos escolheu para sermos humanos.

Por essas e outras que eu amo, amo incondicionalmente os meus pequenos, Lalá, Malu e Pepeu e agora o mais novo integrante da Grande Família, Luca que descobrimos hoje o sexo e sei que virá com muita saúde! Amo!

Under The Waves


Under the waves, deep in the drift
I can feel the salt upon my skin.
Under the waves, falling away
I no longer see the rings of rain.

I want to feel it, if just to know it's true
Look me over- it's just a surface wound.
Don't pay to fight it; can't change the color blue.
All I wanted was to impress you.

Under the waves, caught in a dream
Lover, can you hear me breathing?
Under the waves, now that I'm giving up
I can let the current carry me.

I want to feel it, if just to know it's true
Look me over- it's just a surface wound.
Don't pay to fight it; can't change the color blue.
All I wanted was to impress you.

And if I catch myself crying
For things I cannot control
I'll head on back to the wall
Where tears are invisible.

Under the waves, I know who I am
I don't need to spin the story. 
Under the waves, down in the deep
I no longer see the rings of rain


terça-feira, 20 de setembro de 2011

Om

OM NAMO BHAGAVATE VASUDEVAYA 






É um dos mantras de evocação de Krishna. 
OM é a vibração interdimensional que interpenetra a tudo e a todos.
NAMO: Saudação ou reverência ao poder divino.
BHAGAVATE: Respeito ao Senhor.
VASUDEVAYA: Vasudeva é o nome da família carnal que criou Krishna. O Ya acrescentado no final significa a característica ativa (masculina) do mantra. Quando alguém faz esse mantra completo, evoca Krishna como homem que também viveu aqui na Terra e sabe das dificuldades enfrentadas por todos.



Passado, presente.... e futuro também? Hoje acordei sem entender nada, que confusão dentro de mim...

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Extremos da Paixão


Não, meu bem, não adianta bancar o distante
lá vem o amor nos dilacerar de novo...



Andei pensando coisas. O que é raro, dirão os irônicos. Ou "o que foi?" - perguntariam os complacentes. Para estes últimos, quem sabe, escrevo. E repito: andei pensando coisas sobre amor, essa palavra sagrada. O que mais me deteve, do que pensei, era assim: a perda do amor é igual à perda da morte. Só que dói mais. Quando morre alguém que você ama, você se dói inteiro(a)- mas a morte é inevitável, portanto normal. Quando você perde alguém que você ama, e esse amor - essa pessoa - continua vivo(a), há então uma morte anormal. O NUNCA MAIS de não ter quem se ama torna-se tão irremediável quanto não ter NUNCA MAIS quem morreu. E dói mais fundo- porque se poderia ter, já que está vivo(a). Mas não se tem, nem se terá, quando o fim do amor é: NEVER.

Pensando nisso, pensei um pouco depois em Boy George: meu-amor-me-abandonou-e-sem-ele-eu-nao-v… Lembrei de John Hincley Jr., apaixonado por Jodie Foster, e que escreveu a ela, em 1981: "Se você não me amar, eu matarei o presidente". E deu um tiro em Ronald Regan. A frase de Hincley é a mais significativa frase de amor do século XX. A atitude de Boy George - se não houver algo de publicitário nisso - é a mais linda atitude de amor do século XX. Penso em Werther, de Goethe. E acho lindo.


No século XX não se ama. Ninguém quer ninguém. Amar é out, é babaca, é careta. Embora persistam essas estranhas fronteiras entre paixão e loucura, entre paixão e suicídio. Não compreendo como querer o outro possa tornar-se mais forte do que querer a si próprio. Não compreendo como querer o outro possa pintar como saída de nossa solidão fatal. Mentira:compreendo sim. Mesmo consciente de que nasci sozinho do útero de minha mãe,berrando de pavor para o mundo insano,e que embarcarei sozinho num caixão rumo a sei lá o quê, além do pó.O que ou quem cruzo entre esses dois portos gelados da solidão é mera viagem: véu de maya,ilusão,passatempo.E exigimos o terno do perecível, loucos.


Depois, pensei também em Adèle Hugo, filha de Victor Hugo. A Adèle H. de François Truffaut, vivida por Isabelle Adjani. Adèle apaixonou-se por um homem. Ele não a queria. Ela o seguiu aos Estados Unidos, ao Caribe, escrevendo cartas jamais respondidas, rastejando por amor. Enlouqueceu mendigando a atenção dele. Certo dia, em Barbados, esbarraram na rua. Ele a olhou. Ela, louca de amor por ele, não o reconheceu. Ele havia deixado de ser ele: transformara-se em símbolo sem face nem corpo da paixão e da loucura dela. Não era mais ele: ela amava alguém que não existia mais, objetivamente. Existia somente dentro dela. Adèle morreu no hospício, escrevendo cartas (a ele: "É para você, para você que eu escrevo" - dizia Ana C.) numa língua que, até hoje, ninguém conseguiu decifrar.

Andei pensando em Adèle H., em Boy George e em John Hincley Jr. Andei pensando nesses extremos da paixão, quando te amo tanto e tão além do meu ego que - se você não me ama: eu enlouqueço, eu me suicido com heroína ou eu mato o presidente. Me veio um fundo desprezo pela minha/nossa dor mediana, pela minha/nossa rejeição amorosa desempenhando papéis tipo sou-forte-seguro-essa-sou-mais-eu. Que imensa miséria o grande amor - depois do não, depois do fim - reduzir-se a duas ou três frases frias ou sarcásticas. Num bar qualquer, numa esquina da vida.Ai que dor: que dor sentida e portuguesa de Fernando Pessoa - muito mais sábio -, que nunca caiu nessas ciladas. Pois como já dizia Drummond, "o amor car(o,a,) colega esse não consola nunca de núncaras". E apesar de tudo eu penso sim, eu digo sim, eu quero Sins.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Romaria




É de sonho e de pó
O destino de um só
Feito eu perdido
Em pensamentos
Sobre o meu cavalo
É de laço e de nó
De jibeira o jiló
Dessa vida
Cumprida a só
Sou caipira, pirapora
Nossa Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda
O trem da minha vida
O meu pai foi peão
Minha mãe solidão
Meus irmãos
Perderam-se na vida
À custa de aventuras
Descasei, joguei
Investi, desisti
Se há sorte
Eu não sei, nunca vi
Sou caipira, Pirapora
Nossa Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda
O trem da minha vida 
Me disseram, porém
Que eu viesse aqui
Prá pedir de
Romaria e prece
Paz nos desaventos
Como eu não sei rezar
Só queria mostrar
Meu olhar, meu olhar
Meu olhar
Sou caipira, pirapora
Nossa Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda
O trem da minha vida...

Saudades de casa, saudade da Romaria de Nossa Senhora da Soledade... Olhai e vigiai por mim e por aqueles que precisam de suas bençãos... 

sábado, 10 de setembro de 2011

Te Mereço...



Um carinho envolve o meu coração
Sinto que é você, falando pra mim
Sussurrando
Quente entre os dentes, letras tão gentis
Até vou acordar, pra não esquecer
Palavras
Que eu sei de cor por ter você
Por querer e merecer
Enquanto o sono é pouco e o sonho é bom
Eu entendo essa canção
Olho semi aberto escuto da janela
A cidade acordar mas dentro do quarto
Escuto
Você que como um anjo ensina ao respirar
Desse jeito mansinho e halito doce
Entregue
A amar e ao me abraçar
Me apaixono ainda mais
Mas se não me levantar e escrever
De manhã não vou lembrar
E a amar e ao me abraçar
Me apaixono ainda mais
Mas se não me levantar e escrever
De manhã não vou lembrar, eu sei
Ser acordada às 4h da manhã para escutar ''Palavras que eu sei de cor'' foi perfeito! 
De fato você tem me ganhado nos detalhes e nem percebe isso... Como é bom escutar a sua voz, sentir seus carinhos e saber que tenho uma pessoa tão especial na minha vida. 
O post de hoje é totalmente dedicado a quem me faz suspirar em noites quentes como a de hoje. Quem tira o meu sono e eu nem me importo com isso, quem me faz ter ideias e vontades que são incontroláveis...


Boa noitinha minha gente, ops, boa madrugadinha! :)

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

O Arroz De Palma

"Família é prato difícil de preparar. São muitos ingredientes. "


Para voltar com força total a minha vida real-virtual, quero indicar um dos livros mais lindos que li nos últimos tempos, O Arroz de Palma do autor: Francisco Azevedo. E para todos vocês ficarem no gostinho, vou deixar um pedaço do que é o livro.


Eu aqui na fazenda. Eu aqui na cozinha, quatro e pouco da manhã. Isabel ainda dorme, o sol ainda demora. Eu aqui, um velho de 88 anos. Para os mais novos, o avô é eterno, o que não teve começo nem terá fim, o que já veio ao mundo com esta cara enrugada. Eu aqui, de avental branco, picando o tempero verde. Preparo o almoço de família. Terei forças? 88: dois infinitos verticais. É boa idade, será uma bela festa, Tenho prática. Tia Palma me ensinou a cozinhar. eu era jovem. Por onde andará Tia Palma? Às vezes, fica tempo sem aparecer. Às vezes, vejo-a perambulando pela casa com mamãe e papai e nem preciso dos óculos. Chegam com diferentes idades, alegres ou preocupados, falantes ou silenciosos. Depende do dia, da hora em que os vejo. Imaginação? Senilidade? Perco noção. Perco? Me pego conversando com esse menino que era eu. Ou escrevendo alto comigo mesmo. Falo com meus queridos já distantes no tempo e no espaço. Às vezes, sinto medo, assobio no escuro. De repente, luz. Cinema! Me projeto histórias. Revejo meus irmãos na infância, nítidos, pulando uns nos outros, correndo e voltando para embolar feito cachorro novo. Revejo aquela minha Isabel apaixonada. Revejo meus filhos quando ainda estavam perto e eram meus. Lembranças vivas em todos os sentidos: paladar, olfato, audição, visão e tato. Sigo em frente. Para o hoje - que eu amo! - e depois para onde o nariz aponta e a vista alcança e para mais além, aonde só a esperança vai. Sou passado, presente, futuro - três pessoas distintas reunidas numa só, mistério da terreníssima trindade. Confio em você, que agora me faz companhia e me lê os pensamentos.
Velho sente saudade de mãe e de pai. Tudo faz tanto tempo! Velho quer colo, quer colher na boca vindo de longe com motor de aviãozinho, quer - banho tomado - que lhe ponham na cama, lhe aconcheguem com lençol limpo e travesseiro macio. Uma história conhecida, uma cantiga de ninar, um beijo de boa-noite. a porta do quarto um pouquinho aberta, com a luz do corredor acesa - o ponto de referência é sempre bom. Velho sente falta de instância superior. Quem o julgará com isenção e sabedoria? Quem, melhor que ele, saberá, imparcial, examinar o mérito da questão? Velho é criança de fôlego diferente. Já não lhe interessam as correrias nos jardins, o sobe e desce das gangorras, o vaivém dos balanços. É tudo muito pouco. O que ele quer agora é desembestar no céu, soltar os bichos que colecionou a vida inteira. Os bichos todos - domésticos, selvagens, úteis e nocivos. Os pesados répteis que ainda guarda no coração e as borboletas, peixes e passarinhos, tudo solto lá em cima! Tia palma dizia que velho na horinha da morte conhece o máximo e o mínimo de si mesmo. É ao mesmo tempo elefante e louva-deus. É sequóia e flor-do-campo, oceano e poça de chuva, cordilheira e grão de sal. Ela garantia que a gente sabe direitinho quando acontece a transformação. A alma começa a emitir todos os sons da natureza: ventos, águas, passos de gente no cascalho, fogo que arde, madeira que estala, respirações variadas e, de repente, um bater rápido de asas. Aí entra o coral - as vozes dos animais. A alma do velho rosna, ameaçadora - segundo movimento do concerto. A alma urra, uiva, grita, relincha e muge. Depois zumbe, trina e gorjeia. A alma se liberta rumo ao infinito e, aí sim - soprano, tenor, contralto e baixo - canta a mais bela ária da mais bela ópera! Eu, criança, piamente acreditava. Depois, homem feito, achava graça. Faz algum tempo voltei a acreditar.
É na cozinha que eu desembesto e solto os bichos. É na cozinha que eu viajo sem passaporte, sem bilhete, sem revista em aeroportos. As autoridades querem minhas digitais? Elas estão na massa do pão. Querem minha foto? Tenho várias, de frente e de lado com meus pais e irmãos e com os que vieram depois. Retratos falados - em voz alta, a família toda ao mesmo tempo. Destrambelhada família. Sagrada família...
Preciso me concentrar. É essencial. Por quê? Ora, que pergunta! Família é prato difícil de preparar. São muitos ingredientes. Reunir todos é um problema - principalmente no Natal e no Ano-Novo. Pouco importa a qualidade da panela, fazer uma família exige coragem, devoção e paciência. Não é para qualquer um. Os truques, os segredos, o imprevisível. Ás vezes, dá até vontade de desistir. Preferimos o desconforto do estômago vazio. Vêm a preguiça, a conhecida falta de imaginação sobre o que se vai comer e aquele fastio. Mas a vida - azeitona verde no palito - sempre arruma um jeito de nos entusiasmar e abrir o apetite. O tempo põe a mesa, determina o número de cadeiras e os lugares. Súbito, feito milagre, a família está servida. Fulana sai a mais inteligente de todas. Beltrano veio no ponto, é o mais brincalhão e comunicativo, unanimidade. Sicrano - quem diria? - solou, endureceu, murchou antes do tempo. Este, o mais gordo e generoso, farto, abundante. Aquele o que surpreendeu e foi morar longe. Ela, a mais apaixonada. A outra, a mais consistente.
E você? É, você mesmo, que me lê os pensamentos e veio aqui me fazer companhia. Como saiu no álbum de retratos? O mais prático e objetivo? A mais sentimental? A mais prestativa? O que nunca quis nada com o trabalho? Seja quem for, não fique aí reclamando do gênero ou do grau comparativo. Reúna essas tantas afinidades e antipatias que fazem parte da sua vida. Não há pressa. Eu espero. Já estão aí? Todas? Ótimo. Agora, ponha o avental, pegue a tábua, a faca mais afiada e tome alguns cuidados. Logo, logo, você também estará cheirando a alho e a cebola. Não se envergonhe se chorar. Família é prato que emociona. E a gente chora mesmo. De alegria, de raiva ou de tristeza.
Primeiro cuidado: temperos exóticos alteram o sabor do parentesco. Mas, se misturadas com delicadeza, essas especiarias - que quase sempre vêm da áfrica e do oriente e nos parecem estranhas ao paladar - tornam a família muito mais colorida, interessante e saborosa. Atenção também com os pesos e as medidas. Uma pitada a mais disso ou daquilo e, pronto, é um verdadeiro desastre. Família é prato extremamente sensível. Tudo tem de ser muito bem pesado, muito bem medido. Outra coisa: é preciso ter boa mão, ser profissional. Principalmente na hora que se decide meter a colher. Saber meter a colher é verdadeira arte. Uma grande amiga minha desandou a receita de toda a família, só porque meteu a colher na hora errada.
O pior é que ainda tem gente que acredita na receita da família perfeita. Bobagem. Tudo ilusão. Não existe "Família à Oswaldo Aranha", "Família à Rossini", "Família à Belle Meunière" ou "Família ao Molho Pardo" - em que o sangue é fundamental para o preparo da iguaria. Família é afinidade, é "À Moda da Casa". E cada casa gosta de preparar a família a seu jeito.
Há famílias doces. Outras, meio amargas. Outras, apimentadíssimas. Há também as que não têm gosto de nada - seriam assim um tipo de "Família Diet", que você suporta só para manter a linha. Seja como for, família é prato que deve ser servido sempre quente, quentíssimo. Uma família fria é insuportável, impossível de se engolir.
Há famílias, por exemplo, que levam muito tempo para serem preparadas. Fica aquela receita cheia de recomendações de se fazer assim ou assado - uma chatice! Outras, ao contrário, se fazem de repente, de uma hora para outra, por atração física incontrolável - quase sempre de noite. Você acorda de manhã, feliz da vida, e quando vai ver já está com a família feita. por isso é bom saber a hora certa de abaixar o fogo. Já vi famílias inteiras abortadas por causa de fogo alto.
Enfim, receita de família não se copia, se inventa. A gente vai aprendendo aos poucos, improvisando e transmitindo o que sabe no dia-a-dia. A gente cata um registro ali, de alguém que sabe e conta, e outro aqui, que ficou no pedaço de papel. Muita coisa se perde na lembrança. Principalmente, na cabeça de um velho já meio caduco como eu. O que este veterano cozinheiro pode dizer é que, por mais sem graça, por pior que seja o paladar, família é prato que você tem que experimentar e comer. Se puder saborear, saboreie. Não ligue para etiquetas. Passe o pão naquele molhinho que ficou na porcelana, na louça, no alumínio ou no barro. Aproveite ao máximo. Família é prato que, quando se acaba, nunca mais se repete.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Ouvindo Estrelas...






Ora ( direis ) ouvir estrelas!
Certo, perdeste o senso!
E eu vos direi, no entanto
Que, para ouví-las,
muitas vezes desperto
E abro as janelas,
pálido de espanto
E conversamos toda a noite,
enquanto a Via-Láctea, como um pálio aberto,
Cintila.
E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora:
"Tresloucado amigo!
Que conversas com elas?
Que sentido tem o que dizem,
quando estão contigo?
"E eu vos direi:
"Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e e de entender estrelas

Olavo Bilac

Voltei!

Só para dizer que eu voltei e voltei para ficar!